sexta-feira, 5 de junho de 2020

ADEUS À SÔNIA

Em 07/02/2020, quando o Cardiologista entregou-me os papéis da alta de Sônia ele o fez acompanhado da declaração que lá, no Hospital Estadual Souza Aguiar, já tinham feito todos os procedimentos para estabilizar o estado de saúde dela e que se ela permanecesse internada estaria correndo o risco de ser contaminada com uma infecção hospitalar e ainda não se falava em coronavírus. Ela era hipertensa, tinha o coração dilatado, Lúpus e estava com um trombo entre o coração e o pulmão e não houve medicação que o dissolvesse ou o fizesse deslocar-se, nem as mais de trinta injeções que lhe aplicaram na barriga.  Pois bem, ela estava com os dias contados, só não podiam prever quando seria o desfecho.
Eu a trouxe para a minha casa porque não ia poder lhe dar a atenção e nem lhe prestar a assistência que ela necessitava se ela fosse para sua casa em Caxias, porque estou cuidando do meu irmão mais velho que está tratando de câncer na bexiga e na próstata e assim, reuni os dois comigo e fiquei dividindo os meus cuidados e a atenção entre os dois.
Em 25 de março de 2020, a Nadir conseguiu marcar uma médica para atender a Sônia, no Posto de Saúde, perto da casa dela, no Porto da Madama. A Dra. Fátima a examinou e sentiu que ela estava descompensada, mas que no Posto não havia os recursos necessários para socorrê-la e decidiu encaminhá-la para o Pronto Socorro, na Pça Zé Garoto. Chamei novamente o UBER e a levei para aquele atendimento. Na triagem, a pessoa que a examinou percebeu que ela estava muito descompensada. Ela foi conduzida para o Clínico que receitou a medicação a ser aplicada no soro, solicitou exame de sangue e Eletrocardiograma. Ficamos mais de três horas até saírem os resultados dos exames, quando fomos liberadas. Ela não estava mais ofegante  eu e minha filha Camilla a trouxemos para minha casa. Continuei a dar-lhe a medicação de uso contínuo, na qual foi introduzido um complexo vitamínico e ela ia sobrevivendo. Passou bem todo o mês de abril e início de maio. Na segunda semana de maio, nos primeiros dias, começou a se queixar que não estava bem e que queria que a levasse a um médico particular. Essa pandemia criou-me dificuldades, pois os médicos que conheço e nos quais confio, suspenderam o atendimento. Mas afirmei a ela que a levaria no Cardiologista com o qual me trato, na segunda-feira, pagando a consulta. Não deu tempo. Ela infartou fulminantemente na sexta-feira, dia 29 de maio de 2020, às 21:20 h, quando eu e Adilson a levávamos para deitar na cama de baixo da bicama, no quarto em que durmo, porque ela achava muito alta, a cama em que dormia desde que veio para minha casa. Eu e Adilson estávamos segurando-a quando ela fez  estertor e morreu. 
Chamei meu irmão que estava na sala vendo TV porque eu já havia pego no pulso dela e não o senti, bem como coloquei a mão na frente de sua boca e nariz e não havia mais respiração. Observei a veia no pescoço e não senti nada ali. Meu irmão ficou nervoso e começou a tremer, mas diante da minha calma e presença de espírito, admirado foi acalmando-se.
Telefonei para o SAMU e informei que havia uma idosa passando muito mal que sofria do coração. Demoraram  e quando chegaram às 23 h, só verificaram que ela realmente havia morrido, mas que viria outra ambulância com um médico para dar a Autorização do Óbito. Liguei também para a SINAF, para que me orientasse como fazer para solicitar aquela assistência funeral, já que Sônia era associada há muitos anos daquele Plano Funeral. Pediram que assim que tivesse de posse da Autorização do Óbito, tirasse uma cópia a enviasse para o seu WHATSAPP. Liguei para as minhas filhas que chegaram em no máximo 10 minutos. A ambulância demorou bem umas duas horas e quando o médico atestou o óbito, nos solicitou que o acompanhássemos até ao Pronto Socorro porque ele estava sem o fomulário. Bianca levou-me em seu carro e fomos seguindo a ambulância. Voltando  a minha casa, Camilla fotografou a Autorização do Óbito e a enviamos para a SINAF.
Lá pelas 01:20 h da madrugada, veio uma viatura da Funerária, trazendo um caixão e levou o corpo para prepará-lo para o funeral. Adilson e as meninas o ajudaram a descer com o corpo embrulhado em dois edredons. O rapaz a colocou no caixão que já havia trazido e a levou para o laboratório para prepará-la pois o enterro ainda não tinha data e nem horário. Às 3 h da manhã, o porteiro tocou o interfone perguntando se eu receberia um representante do Plano Funeral SINAF. Autorizei e o representante veio sozinho buscar os documentos meus e de Sônia.  No dia seguinte às 13:11 h ligou-me comunicando que o enterro só ocorreria na segunda-feira, dia 1º de junho de 2020, às 10:30 h, no Cemitério de São Miguel, em São Gonçalo, antes o corpo seria velado na Capela Central das 08:30 h até a hora do sepultamento porque morreu de doença natural e não de COVID-19. O sepultamento foi feito na Quadra 06, Sepultura 221. 
Era a Procuradora Oficial de Sônia, por isso, pude tratar de seu sepultamento com a SINAF e só comuniquei à família que ela havia falecido, quando soube dia, horário e local do sepultamento. Vieram a cunhada com três filhas(sobrinhas de Sônia). Quando chegaram já estávamos lá eu, Ana Angélica (amiga que me ajudou muito a cuidar de Sônia, principalmente quando era internada), sua filha Déa ( que acompanhou Sônia tanto no hospital, quanto na casa dela) Delma ( acompanhou Sônia nas noites de sábado e domingo, também na casa dela em Caxias), João, neto de Ana Angélica de quem Sônia gostava muito e o sobrinho de Ana Angélica que foi o motorista do UBER que as trouxe desde Caxias e as levou de volta..
Devido a ter ficado várias noites sem dormir, com medo de que acontecesse alguma coisa à Sônia e eu não visse para poder socorrê-la, depois de seu falecimento fiquei dormindo direto por vários dias e ainda não consegui acertar o sono.
Hoje fiz um sacudimento em minha casa com folhas de Peregun e ovos visando possibilitar ao espírito de Sônia desapegar-se de minha casa e de mim. Esta semana senti o espírito dela aqui, em casa e como ela era muito agarrada comigo, sentir ser necessário fazer esse preceito.
Ela viveu 82(oitenta e dois anos) e estava sofrendo muito porque gostava de comer bem e não podia fazê-lo. No dia 09 de junho ela faria aniversário, completaria 83(oitenta e três), mas Deus a levou para comemorar com Ele. Espero que lhe seja destinado um canto de Paz para seu descanso eterno!