sábado, 20 de junho de 2009

RELATÓRIO DA II CONFERÊNCIA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

RELATÓRIO DA II CONFERÊNCIA ESTADUAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
Realizada no Rio de Janeiro, no Hotel Rio’s Presidente no período de 06 a 08/06/2009

A etapa das Conferências Municipais sofreu muitas alterações nas datas de realização e, com a de São Gonçalo não foi diferente. Inicialmente marcada para acontecer no dia 25/04/09, foi acontecer somente em 08/05/09, na mesma data da do Município do Rio de Janeiro. Não pude participar de nenhuma das duas, tendo em vista que já havia assumido outro compromisso, de ordem familiar e que não foi possível adiar. Assim sendo, a companheira Idméia, do Fórum de Mulheres de Itaboraí, que se diz fundadora do Fórum Estadual de Mulheres Negras do Rio de Janeiro, participando com a sua Entidade, a Associação de Mulheres Evangélicas (AME) participou da Conferência Municipal de São Gonçalo.
Idméia esteve em minha casa, dias após a Conferência Municipal de São Gonçalo, afirmando que havia garantido uma vaga de delegada, para o FEMNegras e que, ela iria disputar ainda, na Conferência Municipal de Itaboraí, mais outra vaga lá, naquele Município, e que, assim sendo, passaria a representação de São Gonçalo para mim, como moradora do Município e membro do FEMNegras, para representá-lo na Conferência Estadual. Com base nesta informação, telefonei para Fátima (Conselho Estadual dos Diretos do Negro - CONEDINE), que fez parte da Comissão de Organização da Conferência Estadual, e ela orientou-me para entrar em contato com Aduni Benton, que era a Coordenadora Geral da Conferência Estadual. Aduni Benton recomendou meu nome ao Luiz Eduardo, Coordenador da Conferência Municipal de São Gonçalo.
Idméia não conseguiu a vaga na Conferência de Itaboraí e telefonou-me dizendo que o FEMNegras tinha garantidas 2(duas) vagas de delegada, na Conferência Municipal de São Gonçalo e não apenas uma e que bastava que a Coordenação (Clátia) enviasse o documento indicando os nossos nomes com nossa documentação, para a Comissão de Organização de São Gonçalo. Telefonei para a Clátia e fiz a solicitação do envio do documento, passando-lhe meus dados e de Idméia e este documento foi enviado por e-mail para a Idméia, que ficou de entregar em mãos, na Organização de São Gonçalo, para formalizar as nossas indicações.
Cheguei às 14:30 horas no local do credenciamento e verifiquei que nossos nomes não constavam da lista de delegadas do Município de São Gonçalo e questionei com a Fátima, que aconselhou a que me dirigisse ao Amaral. Falei com ele que mandou a recepcionista acrescentar meu nome numa determinada lista e me deu a bolsa com o material e o crachá de “conferencista”, ou seja, de delegada, indicando-me que deveria ir à portaria do hotel para me cadastrar e receber a chave do quarto onde ficaria hospedada. Ao tentar receber a chave do quarto, não o consegui porque meu nome não constava na lista de delegados de São Gonçalo. Nesse ínterim chegou a Idméia. Relatei pra ela que o Luiz Eduardo havia dito que o FEMNegras só tinha uma vaga e que era de Suplente. Imediatamente ela foi procurá-lo e juntas questionamos o fato do FEMNegras ter representação estadual e nacional, da Idméia ter participado do processo em São Gonçalo o representando e no final não ter saído vaga de delegada para o FEMNegras. Nesse momento, outras pessoas de São Gonçalo também questionaram a respeito de seus nomes terem sido excluídos da lista de delegados e esse fato reforçou a nossa defesa. Mônica, coordenadora Estadual da UNEGRO, intercedeu, bem como Fátima. Solicitei apoio das mulheres negras que estavam lá, porém não como delegadas pelo FEMNegras, como sempre cada qual quer fortalecer politicamente suas entidades e não se inscrevem nesses eventos como membro do FEMNegras, como por exemplo Dolores, Fezinha, Mara, Maria Celsa, etc. Dolores disse que tinha duas vagas para as entidades da Religiosidade e, caso não conseguíssemos, poderia ceder uma vaga para eu ir à Brasília participar da Conferência Nacional. Conseguimos vencer no cansaço e garantir duas vagas de delegadas na Conferência Estadual, o que nos permitiu receber, já à noitinha, a chave de um apartamento para duas pessoas, porém não foi possível a vaga, pelo menos uma, para a Conferência Nacional e a Dolores não disponibilizou para o FEMNegras, uma das vagas que disse ter para as Entidades dela.
Aconteceu uma reunião de coordenadores durante a Conferência Estadual quando Clátia foi convocada e como ela não estivesse presente, a Dolores apresentou-se como Coordenação do FEMNegras, porém seu nome, não sei por qual motivo, foi recusado. Neste caso acho que deveriam ter chamado a Gloria, uma vez que ela participou da organização da Conferência Estadual, ajudando em todas as reuniões, garantindo assim, o nome da Clátia, como delegada. Mais uma vez a Gloria serviu de tarefeira. Ainda bem que preferiram deixar o lugar vazio.
Eu, Gloria e Idméia participamos do Grupo de Trabalho da Educação e Cultura onde ajudamos a formular diversas propostas nestas áreas. Encaminhei um “recurso” à mesa para que todas as delegações respeitassem, na sua composição, os recortes de gênero e geracional, conforme preceituava o Regimento Interno, no Parágrafo Único de seu Art. 19, uma vez que a delegação de S. Gonçalo tendia a desrespeitar essa orientação, pois com cinco vagas, só mandou uma representante mulher, a tal da Associação de Moradores e como representante da juventude um rapaz com mais de vinte e cinco anos.
Foi muito bom o trabalho em si e espero que aquelas pessoas que saíram como delegadas tenham a competência para levar e defender todas as propostas e questionamentos do Rio de Janeiro.
Era o que eu tinha a relatar.

São Gonçalo, 10 de junho de 2009.



Avanir Carvalho Pontes
Membro do Fórum Estadual de
Mulheres Negras do Rio de Janeiro

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Participação na 1ª Conferência Municipal de Segurança Pública

A 1ª Conferência Municipal de Segurança Pública aconteceu nos dias 27 (abertura), 28 e 29/05/09, no Hotel Guanabara, no Rio de Janeiro, como fase eletiva e preparatória para a 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (1ª CONSEG), programada para acontecer em Brasília, no mês de julho/09. Antes, ainda teremos a etapa estadual, no mês de junho/09.
Estivemos participando eu, Maria da Gloria e Mariléa. Eu e Gloria representando o Fórum Estadual de Mulheres Negras do Rio de Janeiro e Mariléa, como gestora, aliás, não entendi porque a Beth (Elizabeth Acampora, diretora da Afiaserj), fez a inscrição da Mariléa neste seguimento porque como presidente da AFIASERJ (Associação dos Funcionários do IASERJ), ela faz parte do seguimento sociedade civil. Por ter sido inscrita como gestora ela não pôde votar na indicação dos representantes da sociedade civil e dos trabalhadores em segurança pública que irão à Conferência Nacional e nem nos princípios e diretrizes que foram formulados pelos grupos que compuseram a Conferência, enfim, ela ficou só de ouvinte.
No dia 29/05 aconteceu simultaneamente a 1ª Conferência de Segurança Pública Eletiva do Centro da Cidade, promovida pela AISP para a qual nós três nos inscrevemos, mas que só Maria da Gloria e Mariléa participaram na parte da manhã, porque eu me envolvi com o processo eleitoral, fazendo campanha para alguns guardas municipais com quem travei amizade na 1ª CONSEG Municipal e para companheiros(as) meus(minhas) de luta da sociedade civil. Também me inscrevi e concorri à vaga para ir direto para a Nacional, apenas para garantir que concorresse alguém representando a mulher negra. Depois, na boca de urna conheci a Cleonice, militante do movimento de mulheres negras e que também é guarda municipal, mas já havia me comprometido com a campanha para o Monteiro antes, mas mesmo assim, ainda consegui bons votos da sociedade civil para ele e consequentemente ele conseguiu votos da guarda municipal para mim e para os(as) companheiros(as) indicados(as) por mim. O Monteiro foi eleito, representante dos trabalhadores da segurança pública, eu obtive míseros 6(seis) votos em meu nome, 5(cinco) para a Maria Celsa, 2(dois) para a Maria de Jesus, 4(quatro) para o Verton e 10(dez) para o Abilio Tozini. Valeu a experiência porque foi muito divertido garimpar votos na boca de urna.
O processo de apuração dos votos foi demorado e não houve tempo para colocar em votação as Moções, que foram devolvidas, com a sugestão de que sejam levadas para a CONSEG Estadual. Quem não vai gostar nada disso, quando souber, será o Carlos Alves, o Carlinhos Xiita do PT, porque a maioria das moções foram feitas por ele, que não pôde ficar até o final da apuração, porque tinha outro compromisso com a Entidade a qual ele pertence. Mariléa pegou de volta a que fizemos sobre o IASERJ, para apresentá-la na CONSEG Estadual.
Esta Conferência foi diferente de todas as que já participei porque não teve Regimento Interno votado e nem o colocaram na bolsa que recebemos com o caderno com os eixos temáticos, bem como o folder com os horários da programação não fizeram em número sificiente para todos os participantes, só algumas pessoas receberam. Nós três não ganhamos. O almoço foi custeado pelo próprio participante, só ofereceram o café da manhã e o coffe-break à tarde, acompanhado de um pequeno show de música popular, quando eu e Mariléa aproveitamos para dançar.
Apesar desses percalços, foi muito bom rever companheiros lutadores da sociedade civil e conhecer os trabalhadores da segurança pública municipal, além do pessoal da Comissão Organizadora, os facilitadores dos grupos, como o David que atuou no grupo do Eixo 4, cujo tema foi "Repressão Qualificada da Criminalidade" e no qual estive participando ativamente na elaboração dos princípios e das diretrizes que nortearão as ações da Política Nacional de Segurança Pública.
Os certificados não foram entregues, pelo que eu soube a Prefeitura irá nos comunicar quando eles estiverem disponíveis para que possamos ir buscá-los.
Nós três fomos as últimas participantes a deixar o Hotel Guanabara e o fizemos levando cada qual um buquê de flores que tiramos dos arranjos da mesa porque elas seriam jogadas fora e eram tão bonitas.........

domingo, 17 de maio de 2009

Truculência no IASERJ

Vejam o ofício encaminhado ao Governador Sérgio Cabral, denunciando as ações truculentas praticadas no IASERJ nos dias 28 e 29/04, amplamente noticiados pela imprensa e que eu escrevi após o relato por escrito, de Mariléa e Elizabeth.


Exmº Sr.
Sérgio Cabral Filho
Governador do Estado do Rio de Janeiro



Senhor Governador


Acreditando que V. Exª tenha tomado conhecimento das ações malfadadas praticadas no Hospital Central do IASERJ, nos dias 28/04/09 e 29/04/09, pelos jornais, resolvemos narrar para que V. Exª possa avaliar se as atitudes do pessoal que praticou as ações estão de acordo com as orientações que daria, se estivesse à frente daquele mutirão.
É imperioso que a AFIASERJ venha denunciar os fatos circunstanciais e até desrespeitosos, que ocorreram no IASERJ, no dia 28/04/2009, que ora passamos a relatar.
Tomamos ciência que pela manhã fora passada uma ordem, por parte do Dr. Ewerton Mozart Martins, que disse ser ordem da Secretaria de Saúde, para que os pacientes que estavam ocupando os leitos do CTI (Centro de Tratamento Intensivo) e enfermarias fossem transferidos, com urgência, a fim de que o “IASERJ pudesse dispor dos leitos para ocupação de portadores da Gripe Suína”.
Sabedores deste fato permanecemos, no IASERJ Central, para que pudéssemos acompanhar os desdobramentos daquela ordem, até às duas horas (da madrugada), quando a presidente da AFIASERJ, Drª Mariléa Ormond e a Diretora Elisabeth Acampora puderam presenciar a remoção, que teve início às 19:35 e término às 23 horas, de cinco pacientes conforme discriminados a seguir:
1 - Ida Lisboa – 19:45h, para Hospital Alberto Shuwaizer, 2 - Valter dos Santos- 20:00h, para Hospital Alberto Shuwaizer; 3 - Cezar Mena Barreto -21:00h, para Hospital Alberto Torres; 4 - Francisco Orlando Alves- 21:30h, óbito no pátio do IASERJ, dentro da Ambulância, 5 - Vanessa Januário- 22:30h, para Hospital Alberto Shuwaizer.
Frisamos que estas transferências ocorreram sem que os familiares tivessem sido avisados previamente, conforme informações de alguns deles, que chegaram ao Hospital às 22:30h, por terem sido avisados pelo Serviço Social, e que, quando lá chegaram, não encontraram mais seus respectivos doentes.
Drª Mariléa Ormond, presidente da AFIASERJ, inicialmente interpelou os funcionários do Corpo de Bombeiros por estarem fazendo as referidas remoções, indagando: “com ordem de quem aqueles pacientes estavam sendo transferidos sem que seus familiares fossem notificados, pois entendia que isto era um desrespeito ao paciente posto que àquela hora, acreditava que os pacientes deveriam estar em seus leitos, descansando, devidamente medicados”.
Os tenentes médicos das ambulâncias do SAMU responderam que estariam atendendo às ordens superiores da Secretaria de Saúde.
A diretora Elisabeth Acampora perguntou se estavam de posse de algum documento que respaldasse aquelas remoções do CTI (Centro de Tratamento Intensivo) e disseram que eram ordens verbais. O Dr. Augusto, que estava de plantão no CTI, informou que o paciente fez óbito e que o Dr. Alex deu ordem para colocá-lo no necrotério. Estas remoções foram registradas pelos jornais O GLOBO, EXTRA e JORNAL DO BRASIL, conforme cópias das reportagens que seguem em anexo.
Após a constatação do óbito, os responsáveis pela remoção, saíram com o cadáver das dependências principais do IASERJ, na ambulância, em direção à rua. Depois de trafegarem por alguns minutos, uma funcionária plantonista, gritou do pátio que estariam abrindo o necrotério do IASERJ, localizado na rua Washington Luis. A presidente da AFIASERJ juntamente com a diretora Elisabeth Acampora correram pelo pátio, que tem comunicação interna, com o necrotério e encontraram o funcionário administrativo de plantão Sr Valcir Pereira Viana que, quando questionado disse que cumpria ordens do administrador. Sabemos que o administrador é o Sr. Alex Lima Sales (engenheiro) e procuramos sensibilizar o servidor dizendo-lhe que não podia compactuar com aqueles fatos irregulares. Ele voltou a dizer que estava cumprindo ordens superiores.
Em decorrência do óbito, da presença de quase todos os funcionários plantonista do IASERJ, e de alguns familiares dos pacientes no pátio, as remoções foram suspensas.
Por volta de 00:30 minutos, do dia 29/04/9/2009, a emissora de TV Brasil- Canal 2, foi impedida de adentrar nas dependências do IASERJ, por ordens do Administrador, Sr. Alex, através de contato telefônico, acarretando a colocação de correntes e cadeados nos portões da entrada do estacionamento. Apesar destes fatos, a reportagem da TV Brasil permaneceu em frente ao IASERJ, onde realizou entrevistas com funcionários e familiares dos pacientes removidos, que foram ao ar no mesmo dia 29/04/2009 às 12:30horas.
A TV Brasil chegou até ao IASERJ, por estar na 5º DP, quando os familiares foram lá para registrarem queixas de seqüestro do seu doente internado no IASERJ, por parte do Estado, posto que não foram notificados sobre a remoção.
No mesmo dia, 29/04/2009 a diretora da AFIASERJ, Elisabeth Acampora dirigiu-se ao Serviço Social, por volta das 10:00 horas, para saber do Assistente Social se haveria alguma remoção programada para aquele dia. O referido Assistente Social disse que desconhecia qualquer informação a respeito e que a colega Rosangela Gusmão da Silva, do plantão noturno, havia deixado tudo pertinente aos fatos ocorridos, registrado no livro do Serviço Social.
Logo após, chegou ao Serviço Social um médico, que solicitou o livro de ocorrências para tomar conhecimento dos registros noturnos. O Assistente Social disse não ter ordens para permitir a retirada do livro.
Neste momento, a diretora Elisabeth Acampora indagou se o médico era funcionário do IASERJ. O mesmo identificou-se como Major Max, do Corpo de Bombeiros, responsável pelo CTI. Na presença do Assistente Social, Dulcidio Tamanqueiro. A diretora Elizabeth Acampora perguntou ao referido Major se havia sido expedido algum documento por escrito, autorizando aquelas remoções e ele respondeu que atendia a ordens superiores e tentou intimidá-la perguntando-lhe com o dedo apontado para seu rosto: “O que ela iria fazer com o que seus olhos haviam visto”? – Ela retrucou dizendo: Que a pergunta não a intimidava e nem a acuava, posto que o que seus olhos viram estava documentado pelas reportagens de Jornais e TV’s.
É imperioso destacar que é um paradoxo fazer remoções de CTI de pacientes reais em nome de uma provável ocupação de “pacientes virtuais”, até a presente data, posto que ainda não havia sido confirmado nenhum caso de Gripe Suína no Brasil. Entendemos que estas condutas aqui relatadas são formas de disseminar pânico entre a população e que contrariam as palavras do Presidente Lula, quando disse em rede nacional: - não podemos “compactuar com terrorismo” para com a população.
Estas denúncias têm total relevância para a AFIASERJ por entendermos que: “Não vamos nos calar, quem cala consente, nós somos conscientes, não vamos nos calar”!
Existe uma gravidade de Ordem Superior que é o fechamento do Serviço de Raios-X e do Centro de Esterilização, os quais são fundamentais para que se possa abrigar e alojar os possíveis pacientes da gripe suína, como também os das demais demandas reprimidas.
Esperando que V. Exª tome providências que evitem ações como estas relatadas e que faça prevalecer o bom senso nas ações futuras onde deverá ser considerado, antes de mais nada, o ser humano que já se encontra precarizado em sua saúde não sendo necessárias as humilhações e nem o mal-estar causados quando a condição humana das pessoas é relegada ao segundo plano.


Cordialmente,





____________________________
Mariléa Ormond
Presidente da AFIASERJ






Elizabeth Acampora
_______________________
Diretora da AFIASERJ

domingo, 8 de março de 2009

Mulher Negra Rezadeira

MULHER NEGRA REZADEIRA D. Lourdes veio para o Rio de Janeiro em 1944, em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira), durante a 2ª Guerra Mundial, atrás do companheiro de quem tinha parido o primeiro filho. Trabalhou em casa de família, fábricas, cervejaria, lavanderia, lanchonete, bar, enfim, só em serviços pesados, devido a sua falta de instrução. Teve mais 5 (cinco) filhos, dos quais 2 (dois) faleceram ainda muito pequenos. Criou os 4 (quatro), sempre preocupada que pudessem estudar para não passarem pelo que ela passou na vida. Uma vez, diante de sua filha nascida antes do caçula, ajoelhou-se e jurou que se dependesse dela, jamais suas filhas seriam empregadas domésticas. Não queria que elas sofressem nem um terço do que ela passou, desde a sua infância muito pobre, tendo que ajudar na roça para colher o sustento para si, sua avó, seu pai e seu irmão caçula. Perdeu sua mãe muito cedo em um acidente em que foi vítima da irresponsabilidade de pessoas que roubavam fiação de uma padaria, localizada na frente de onde morava. Deixaram um fio desencapado encostado no arame que servia de varal e quando sua mãe estendeu um lençol molhado, recebeu uma carga elétrica tão forte que a matou. D. Lourdes, nesta ocasião, com mais ou menos uns quatro anos de idade, só teve tempo de segurar seu irmão caçula que engatinhando, dirigia-se ao corpo de sua mãe estendido no chão e totalmente carbonizado. Com o falecimento de sua genitora, passaram a ser criados pela avó, porque o pai era um “nego fulo”, descendente de negros nascidos na vigência da lei do Ventre Livre e que não era muito afeto a trabalho. De vez em quando chegava a notícia de que fora preso por vadiagem. Quando a mulher era viva era ela quem ia tirá-lo da cadeia. . Herdou da avó, que a criou, o dom da reza. De tanto vê-la rezando crianças e adultos que a procuravam com diversas queixas e essas pessoas se livrarem do mal que as acometia, foi observando o que a avó falava e fazia para dar alívio a todos que a procuravam. Exercitando a oralidade, começou brincando de rezar seu único irmão, mais novo quatro anos do que ela. Depois que teve seus filhos os rezava e os medicava com chá de ervas. O conhecimento sobre as ervas foi adquirido na época em que ajudava a avó no plantio, na roça, e nessas ocasiões a avó ia dizendo-lhe o nome das ervas e o que elas curavam. Quando D.Lourdes veio da Bahia, foi morar com seu companheiro, nas casas de cômodos, que formavam um cortiço na Rua Camerino, nº 20, onde nasceu sua primeira filha, no Rio de Janeiro, na Pró-Matre, na Pça Mauá, no dia em que chegaram de navio, os últimos soldados da 2ª guerra, vindos da Itália, em 18/05/1945. Mais ou menos uns dois anos depois, mudou-se para  uma vila de casas simples, na Rua Getúlio,42, no bairro Méier, tanto que batizou todos os filhos, desde o mais velho que nascera na Bahia, até os que nasceram quando morava lá, na Igreja do Sagrado Coração de Maria, ali naquele bairro. Morou naquele lugar durante alguns anos, depois se mudaram para uma casa em Vila Rosaly em S.J.Meriti. Como seu companheiro era o mais velho de dezoito irmãos, sua casa ficou sendo referência para todos os amigos e parentes que vinham da Bahia. Ele era alfaiate, desenvolvia seu ofício na Cinelândia, exatamente na Praça Marechal Floriano19, no 4º andar do antigo Edifício Império, onde alugava uma sala. Todos conheciam o Pontes, alfaiate. Costurava batinas para os padres do Mosteiro de  Santo Antonio e para os artistas negros, da época: Jamelão, Blackout, Zé Kéti, Grande Otelo e muitos outros. Também era quem fazia os costumes da cantora Araci de Almeida, além de ter feito muitas fantasias para os componentes da escola de samba Mangueira, a pedido de seu irmão Alberto, que era diretor de Harmonia. 
As festas comemorativas como Natal, Dia dos Pais, Dia das Mães e aniversários eram motivos para as reuniões e quando a baianada estava reunida, D.Lourdes era tomada por manifestações estranhas, como se espíritos tomassem seu corpo, que a castigavam, batendo com seu corpo contra as paredes e falava que queria ver sangue, porque ela não queria aceitar que tinha que procurar um terreiro para fazer o santo. Ela não acreditava em espiritismo porque era católica e não saía da igreja rezando e pedindo à N. Srª da Conceição, santa de sua devoção, para que aquela ”coisa” não se apoderasse mais de seu corpo. O tempo foi passando e a coisa só foi piorando. Um dia, ao apossar-se de seu corpo, “aquilo” falou que se ela não fosse procurar um terreiro de candomblé para fazer o santo, sua vida viraria um inferno: iria perder o marido, com quem havia finalmente se casado, um de seus filhos ficaria cego, uma de suas filhas seria atropelada e a outra sofreria sérias queimaduras, mesmo após esses avisos ela continuava indo e levando os filhos para a igreja católica. As meninas até fizeram primeira comunhão. Um belo dia, saiu para trabalhar e, quando voltou, não encontrou o marido. Ele havia saído de casa e fora morar com sua tia Biloca, que tinha vindo recentemente da Bahia e estava morando em Agostinho Porto. Esta saída dele a deixou desorientada, porque o filho caçula levara uma pedrada no olho esquerdo que lhe vazou a menina dos olhos, deixando-o cego daquela vista. Esta tinha sido uma das previsões que aquele espírito havia feito. Em seguida, as outras previsões foram se concretizando. Sua filha, abaixo do mais velho, sofreu um atropelamento na Rodovia Presidente Dutra, em 27 de setembro de 1956, dia de São Cosme e São Damião, fraturando o crânio em três lugares, além de ter fraturado as duas pernas com horríveis fraturas externas. Ela teve que ficar internada por seis meses no Hospital Getúlio Vargas, quando passou por cirurgias na cabeça e teve platina implantada em suas duas pernas para colar os dois ossos fêmur. Como tinha apenas doze anos, na época, a sua recuperação foi vitoriosa. Durante todo esse tempo, D. Lurdes ficou direto com sua filha no hospital. Havia contratado uma empregada chamada Ilda, antes de seu marido sair de casa e foi ela quem foi socorrer sua filha, quando esta sofreu o atropelamento, comunicando-lhe, depois. Um dia, pela manhã, bem cedo, quando estava indo para o trabalho D. Lourdes nem se deu conta de que estava vestindo apenas uma combinação, peça usada sob o vestido, até pouco tempo atrás por todas as mulheres. Ao vê-la daquele jeito, uma amiga que era companheira de viajem e que freqüentava um terreiro de candomblé, resolveu levá-la para que sua mãe de santo cuidasse dela. D.Lourdes resistiu, não queria ir de jeito nenhum e foi preciso amarrar-lhe os punhos para conseguir levá-la. Ao chegar à Casa da Yalorixá Natalina, em Agostinho Porto, ela já estava esperando-a porque tinha visto no jogo de búzios, que iria chegar uma pessoa, naquelas condições, a quem ela teria que raspar e correr com todas as despesas, porque seria o primeiro Ogum de sua casa. D. Lourdes ficou seis meses na camarinha porque devido a não aceitar aquela religião, o seu Orixá não incorporava totalmente e foi preciso muita persuasão, para convencê-la de que havia recebido aquela herança de seus ancestrais e que, já estava passando da hora dela ser iniciada no Candomblé. Só quando soube que, se não se convencesse, as desgraças iriam continuar a acontecer com sua família, pois antes dela ser levada pela amiga, também já havia acontecido a queimadura em sua outra filha, de apenas sete anos quando, ao tentar fazer um chá para o irmão caçula, sem querer, virou a água fervente sobre si, queimando-lhe todo o lado direito, desde o peito até a cintura, com queimaduras de 2º e 3ºgraus, cujas marcas ainda carrega no corpo. Yá Natalina mandou que levassem os filhos de D.Lourdes, para o barracão, a fim de amenizar o sofrimento dela, que nunca havia se separado deles e isso, também era um dos motivos, pelos quais se recusava a aceitar, todo aquele sacrifício da feitura de santo no Candomblé, naquela época de 1957. As crianças curtiam as danças, os cânticos, as rezas e as comidas, só não gostavam de acordar às seis horas da manhã, para tomar aquele banho frio de abô. Passavam por todos os ensinamentos dos Yaôs. Aprenderam a dançar para todos os Orixás e a reconhecer quando cada um deles estava em terra, incorporado em alguém, aprenderam a ”língua de Congo”, era como chamavam os termos em Yorubá que aprenderam a falar. Adoravam conversar com os Erês e as meninas gostavam de usar as roupas de ração para ajudar a cuidar do barracão e também na cozinha. Finalmente, Ogum conseguiu incorporar totalmente no seu cavalo e a partir daí, D. Lourdes deixou o catolicismo de lado e defendia com unhas e dentes os seus Orixás e os seus Erês, sim ela incorporava o Joãozinho, que era de Ogum e a Sinhazinha, que era de Iansã. Ela ganhou esses dois porque havia uma disputa pela sua cabeça entre esses dois Orixás. Na época em que seu marido ainda vivia com ela, ele procurou muitas casas de santo para ver se conseguiam convencê-la de que tinha que ser raspada. Uma dessas casas foi a de Siriaco, antigo Babalaô, que tinha um terreiro em Vilar dos Teles. Outro foi Djalma de Lalu, cuja cabeça era de Exu Lalu, mas em nenhum desses lugares, Ogum quis ser feito. Neles, D. Lourdes sentia mal-estar e logo se retirava. Depois que fez o santo, as coisas começaram a mudar, embora tudo que havia perdido não tenha sido recuperado, como seu marido, que nunca voltou para casa, e seu filho caçula que ficou cego vindo a falecer aos 30 anos, porque envolveu-se com o tráfico de drogas e foi brutalmente assassinado. Mas em compensação, enquanto as crianças eram pequenas, não mais sofreram acidentes. Quando saiu da casa do santo foi morar em Vila Isabel, no Morro dos Macacos, no barraco de seu irmão Vadinho, que havia levado seus filhos para morar com ele, já no finalzinho de seu recolhimento, na casa de santo. Eram dois irmãos muito unidos, mas que não conseguiam conviver sob o mesmo teto. Vadinho era muito mulherengo e era dado a bater na companheira Neuza, que apanhava sem reagir. D. Lourdes, que não admitia covardia, na primeira vez que viu aquela cena, partiu para cima do irmão com panelas, vassoura e tudo que encontrava pelo caminho ensinando, assim, a mulher dele a reagir. Neuza aprendeu e dali pra frente não apanhou mais do Vadinho. Ele ficou com raiva da irmã a quem acusava de estar destruindo o seu lar. D. Lourdes decidiu sair da casa dele e convenceu a alguns moradores a ajudá-la a construir seu próprio barraco. Escolheu uma área acima do barraco de seu irmão e, depois de passar uma noite com os filhos acometidos de gripe asiática sob uma cabana improvisada, uns voluntários resolveram ajudá-la e passaram uma noite trabalhando, para colocar de pé uma moradia para aquela guerreira, a despeito de um tal de Justo, ter telefonado para a polícia, queixando-se, que haviam construído um barraco durante a noite, no caminho de sua casa. Pela manhã, quando os policiais chegaram e viram aquele barraco tosco, com uma mulher e quatro crianças doentes, passou uma espinafração no tal de Justo, que estava na janela de sua casa assistindo de camarote, pensando que iam colocar o barraco de D. Lourdes abaixo, como era de praxe a polícia fazer. Ele ficou na bronca porque havia passado uma cantada e ela deu-lhe um fora e aí, para se vingar, deu parte na polícia, alegando que o barraco estava impedindo o acesso a sua casa. Os policiais perguntaram-lhe se não tinha vergonha de estar bem instalado em sua casa e querendo que fosse derrubado um barraco que não impedia em nada a sua passagem. Como D. Lourdes era uma mulata muito bonita, no auge de seus 37(trinta e sete) anos, as mulheres do morro começaram a ter ciúmes de seus maridos com ela. Uma vez, duas delas foram desafiá-la em sua porta, chamando-a de safada. Ela não conversou, partiu pra cima das duas mulheres e naquela hora, parecia que Exu de Ogum havia incorporado nela. Bateu muito numa das mulheres e só a largou, quando sentiu uma pancada muito forte na cabeça, dada pela outra mulher. Foi só o tempo de se recompor e partir pra dentro da outra, jogando-a ribanceira abaixo, quando todos puderam ver que estava sem calcinhas, apenas com um pano entre as pernas porque estava de Chico. Foi motivo de gozação pela vizinhança durante bastante tempo. As duas, com a cara quebrada foram para a delegacia dar parte da D. Lourdes, que, nessa altura, para sair do flagrante, foi para a sua casa de santo e, no dia seguinte foi à delegacia, onde havia um detetive que tinha uma queda por ela. Ele aliviou a situação dizendo que se elas queriam ser submetidas a corpo de delito, a D. Lourdes também o seria e elas seriam prejudicadas porque foram duas contra uma. Elas desistiram da queixa e quando ele deu o papel para que assinassem, nenhumas das duas sabia escrever o nome sequer. Receberam uma bronca e ele as aconselhou a que, em vez de ficarem arranjando briga com vizinhas, que ficassem em casa, com um lápis e papel, tentando aprender a escrever os seus nomes, que era bem melhor. Saíram cabisbaixas e nunca mais se meteram com a Baiana, como era chamada a D.Lourdes, lá em Vila Isabel, nos morros do Jardim, dos Macacos e do Pau-da-Bandeira. Era muito respeitada porque quando a polícia prendia algum morador que ela conhecia e sabia que era trabalhador, ela valia-se da queda do detetive por ela e não deixava levar o morador preso. Uma vez queriam levar um rapaz que era doente mental, porque estava sem documentos, foram avisá-la e ela desceu o morro numa velocidade incrível e não deixou levarem o rapaz que morava no Morro do Pau-da-Bandeira, mas que ela conhecia e sabia que ele era doente. Naquele dia, todos foram agradecer-lhe e ela virou liderança da redondeza. Quando seu filho mais velho completou dezoito anos, ela deu uma festa, com chope da Brahma e tudo. Contratou um regional composto por fugitivos das penitenciárias. Lá pelas tantas, a polícia chegou e queria levar todos presos, mas a Baiana intercedeu, pois conhecia a todos os policiais e pediu a eles que deixassem a festa rolar e voltassem pela manhã para levá-los. Quando clareou o dia, ela mandou que todos fossem embora e quando a polícia chegou para buscá-los ela disse que eles haviam fugido e que ela não tinha conseguido impedi-los. Havia no Morro do Jardim, uma jovem mulher fugitiva da Penitenciária de Mulheres, chamada Georgina. D. Lourdes tinha pena por ser ela tão jovem, dizia ter 19 anos, e ter que viver se escondendo da polícia, por isso, quando ela estava fugindo, permitia que ficasse escondida embaixo da cama das crianças até a polícia ir-se embora. Nessa época, o filho mais velho de D.Lourdes estava servindo ao Exército e ela havia vendido aquele barraco construído no alto e com o dinheiro recebido, comprou material e construiu, junto com uns vizinhos e os filhos, um barraco de estuque, com um quarto para seu filho mais velho. Como havia vários rapazes na faixa etária dele, que eram seus amigos e também estavam servindo ao Exército, que ficavam elogiando sua farda sempre bem engomada e passada, ele pediu a D. Lourdes se ela não podia cuidar das fardas dos seus amigos, também. Ela aceitou a incumbência. Um deles era o Zé Preto, de quem a Georgina gostava. Um dia, ela tomou umas cachaças e foi querer tirar onda com a D.Lourdes dizendo: “Ô Baiana sabe que você é muito da safada?” D. Lourdes retrucou dizendo que safada era ela que estava cuspindo no prato que comeu. Ao que ela respondeu: “por falar nisso, faz um bife aí pra mim comer agora”. Não prestou. D.Lourdes partiu pra cima de Georgina e meteu a mão nos seus seios, para ver se ela estava com a navalha que costumava cortar a cara dos desafetos e, como não achou a arma, passou a bater na cara dela com tanta ira, que ela pediu socorro, ao pessoal que estava assistindo da porta da tendinha do Pernambuco que ficava em frente ao seu barraco. Do outro lado, lá do Morro do Pau-da-Bandeira, ouvia-se os gritos de “dá-lhe, Baiana!”. A metida a valentona Georgina, que botava até homem pra correr, ficou desmoralizada. Depois que foi feita no santo é que D. Lourdes descobriu que tinha o dom da reza, quando pôs a mão sobre a cabeça de um menino que estava com muita dor de cabeça e que já havia tomado analgésicos e a dor não passava, repetiu umas palavras que ouvia sua avó dizer quando rezava dor de cabeça de alguém e a dor do menino passou como por milagre. Virou a Baiana rezadeira lá do morro. Rezava espinhela caída, nervo torcido, cobreiro, mau olhado, quebranto, dor de dentes, dor de cabeça, dor de barriga, erisipela, etc. e acreditem, curava mesmo. Seu lema era: “Reza não se paga e nem se agradece” só assim é que funciona. Também sabia fazer umas simpatias para bronquites, para hemorróidas, para erisipela, sarampo, catapora, etc. Tudo herdado, oralmente, de seus ancestrais que, depois de feita no santo, soube fazer por intuição. Tinha um dom de se concentrar olhando no copo virgem com água e dizer o que estava acontecendo com alguém que se encontrava distante dali. Depois que Yá Natalina faleceu, andou em várias Casas, procurando retirar a Mão de Vu e atualizar suas obrigações, pois ainda não tinha feito a de sete anos. Encontrou muitos Pais-de-Santo que tiveram inveja de seus dons. Um deles, Tatalorixá Adauto, lá do Morro dos Macacos, a fez gastar o que tinha e o que não tinha e não fez obrigação nenhuma, era tudo de ekê (mentira) e só o que fez foi viciá-la em Persantim e outros comprimidos para tirar o sono e que gerava dependência. Foi uma luta para ela deixar de tomá-los. Depois de alguns anos foi morar na Taquara, em Jacarepaguá, quando conheceu o Pai-de-santo Jorge de Iemanjá, que atualizou suas obrigações e tirou a Mão de Vu, mas tirou-lhe, também, aquela vidência com o copo d’água. Além disso, como era exímia passadeira, ele a explorava e mandava que engomasse e passasse todas as roupas das outras filhas de santo da casa. Certo dia, quando passava roupa, ela começou a passar mal e ele teve coragem de mandá-la para casa, sozinha. Foi quando ela sofreu seu primeiro derrame e, se sua filha não chegasse cedo do trabalho para socorrê-la, talvez ela não tivesse resistido tantos anos mais, pois isso foi em 1975. Com o falecimento de Jorge de Iemanjá, a Baiana voltou a procurar uma Casa de Santo para desenvolver-se. Como ela foi raspada na nação Jêje, buscava uma casa que fosse da mesma raiz, para freqüentar. Encontrava muitas, que eram de Angola ou de Umbanda e não ficava porque não se sentia bem nelas. Um dia, conversando com sua filha caçula, expressou a vontade que tinha de fazer as obrigações de seu Pai Ogum, mas que estava encontrando dificuldades para achar o lugar certo. Todos os seus filhos tinham uma fé enorme nos seus Orixás, mas essa filha, era aquela que, quando Ogum estava em terra, ela traduzia o que ele falava porque ele só se expressava em Yorubá, que ela havia aprendido na casa de Yá Natalina e que chamava de “língua de Congo”. Ela era a Ekede de Ogum, informalmente, pois nunca fizera nenhuma obrigação para isso. Conversava com ele, quando incorporado em sua mãe ou não. Numa dessas ocasiões, dirigiu-se à quartinha de Ogum e disse: “meu avô, me indique um caminho, para eu encontrar uma casa de sua raiz, para minha mãe poder atualizar suas obrigações”. Passado algum tempo, mudaram-se para a Rua Maria José, em Madureira, e, naquela rua, havia um terreiro de Candomblé. Baiana foi num dia de toque e voltou dizendo que lá era “misturado” e que não havia gostado, mas acontece que conheceu um rapaz, de Oxossi, chamado Lúcio, que por não ter nenhum parente consangüíneo, passou a adotar D. Lourdes e seus filhos como sua família. Um dia ela falou pra ele da sua busca por um terreiro de sua raiz. Ele disse que conhecia um Pai-de-Santo, cuja nação era Jêje, e que se chamava João d’Oxossi, na casa de quem ele dava obrigações para o seu Orixá, pois Lúcio também era de Oxossi. Combinaram o dia e Lúcio a levou à casa de João. Ao chegar lá, D. Lourdes só lhe disse que fora lá, para que ele abrisse o jogo de búzios para ela, e, quando João jogou os búzios, viu que Ogum queria que ele atualizasse suas obrigações. Porque João era da mesma raiz, vindo a ser sobrinho de santo de D. Lourdes. Ogum havia encontrado a casa onde queria ficar. Foram feitas as obrigações e era engraçado ver aquela senhora chamando de pai a um jovem de vinte e poucos anos, naquela época. Ultimamente, devido as suas limitações, por causa das artroses generalizadas nos joelhos e na coluna, já não atuava em todo o seu potencial. Rezas que precisassem suspender as pessoas ou levantá-las nas costas, ela não tinha mais condições físicas de realizar, em compensação, sua reza conseguia fazer efeito à distância. Constantemente sua filha abaixo do mais velho, telefonava de Vila Kennedy, onde mora, e pedia a ela para rezá-la ou aos bisnetos e depois ligava novamente para dizer que o mal que os acometia desaparecera depois da reza. Além de rezar, também levava para casa, crianças abandonadas que encontrava pela rua. Criou muitos filhos dos outros. Dizia sempre que se fosse uma pessoa de posses levaria para sua casa todas as crianças que encontrasse nas ruas. Quando morou em Vila Isabel, no Morro do Jardim, lá pelos anos 60, transformou seu barraco em creche, onde cuidava dos filhos das mães solteiras que iam trabalhar e não tinham com quem deixar os filhos e, quando essas mulheres ficavam desempregadas, iam trabalhar na creche até arranjar outro trabalho porque lá, comiam e alimentavam os filhos. Também transformou o barraco em pensão, pois excelente cozinheira que era, começou fornecendo marmitas para os trabalhadores da oficina mecânica, na Rua Visconde de Santa Isabel, onde seu filho mais velho foi aprender a profissão de lanterneiro, com 11 (onze) anos de idade. Depois, os trabalhadores todos os dias subiam o Morro do Jardim, de macacão sujo de graxa, para ir comer a comida gostosa que a Baiana fazia. Pagavam-lhe no sábado, quando recebiam. Quando chegou em casa chorando, sua filha do meio, que passara no concurso de admissão para o Colégio Estadual Visconde de Cairu, dizendo que telefonara para o pai e que ele dissera não poder lhe dar porque não tinha, os cinco cruzeiros para fazer a matrícula, D. Lourdes não pensou duas vezes, arrancou o botijão de gás do fogão e foi na tendinha de Pernambuco, pedindo-lhe que empenhasse aquele botijão, porque ela precisava do dinheiro para pagar a matrícula de sua filha e assim, a menina não perdeu sua vaga. Ela ficou cozinhando no fogão a querosene, famoso fogão Jacaré, até quando pôde pagar e resgatar o botijão, que empenhara com o Pernambuco. D. Lourdes foi uma grande guerreira, que, após ter sido abandonada pelo marido, em 1956, jamais seguiu os conselhos de vizinhos e amigos que a mandavam deixar os filhos em colégio interno. Trabalhou, lutou e conseguiu dar educação a todos eles. Faleceu lúcida aos 87 anos, 09 meses e 17 dias, em 28 de dezembro de 2006. Por Avanir Carvalho Pontes Filha de Maria de Lourdes Carvalho Pontes

Dia 08 de março de 2009.

Comemorei o Dia Internacional das Mulheres indo ao cinema com minhas filhas e o namorado de uma delas no Shopping Center de São Gonçalo. Assistimos ao filme "Se eu fosse você 2". Foi ótimo. Dei muitas risadas e me diverti muito. Após o filme, como é de praxe, fizemos um lanche na Praça de Alimentação. Comi um sanduíche de atum, do BOB's que estava uma delícia com fritas e bebi um Mate metido a besta.
Na volta para casa esperamos um bom tempo pela Van que resolveu demorar mais que o normal até que um motorista de um outro itinerário, vendo a fila para a Van para o Engenho Pequeno crescendo muito, resolveu nos levar e chgamos em casa, sãs e salvas.
Este ano não fui à Marcha das Mulheres, nem a nehuma comemoração feita por órgãos governamentais, inclusive, na quinta-feira, o deputado Picciani (PMDB), presidente da ALERJ,junto com a deputada Inês Pandeló (PT) fêz uma homenagem às mulheres, mas quando lá cheguei já havia terminado. Então fui com Mariléa, presidente da AFIASERJ, Elizabeth, diretora da AFIASERJ e Maria da Glória, presidente da AFHEAN ao gabinete do deputado Paulo Ramos mas como não o encontramos, batemos um papo com o Renan, seu chefe de gabinete a quem Mariléa contou como foi a cobrança que elas fizeram sobre a Maternidade do IASERJ que se encontra fechada desde que Sergio Cabral assumiu e nomeou o Sergio Côrtes para Secretário de Saúde, que por sua vez nomeou o Dr. Moll como responsável pela presidência do IASERJ e desde então começou a destruição física do IASERJ.
Consideramos uma grande violência a desativação da maternidade, do centro cirúrgico, da pediatria, do laboratório de Raio X, do BTI Infantil e de todos os serviços que o IASERJ prestava aos seus segurados, nós os servidores públicos estaduais.
A nossa luta não tem sido fácil mas já conseguimos colher alguns frutos dela, como por exemplo, a reestruturação da Emergência que agora chamam de SPA (Serviço de Pronto Atendimento), a aquisição de um Tomógrafo e de um Mamógrafo, a criação do PROMUSA que presta atendimento ambulatorial à mulher, com diversas especialidades clinicando, embora somente os exames Papa Nicolau, sangue, fezes e urina estejam sendo feitos no IASERJ, mas já é um avanço porque tudo estava desativado.
A farmácia também vem sendo regularmente abastecida com os medicamentos mais receitados pelos médicos.
O Pavilhão clínico teve alguns leitos restabelecidos para internações, inclusive até porque instalaram nas dependência do IASERJ, uma parte do Hospital São Sebastião, especialista em doenças infecciosas. Também foi transferida para lá a Central de Regulação de Leitos, a Farmácia Judicial( aquela que fornece medicamentos àquelas pessoas que entram com ação na justiça) e a Central de Ostomizados, onde são fornecidas as bolsas para colostomia. A luta é árdua mas estamos avançando a despeito de ser apenas um pequeno grupo de lutadores liderado pela incansável Mariléa que carrega essa luta. Esta mulher merece todas as felicitações neste dia.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Minhas Férias na Bahia






Em 15 de janeiro de 2009, no vôo das 16:10h, da TAM, partimos eu(Avanir), minha filha mais velha, Bianca e meu filho caçula, Pedro, para Salvador, onde fomos passar dezoito dias de férias bem merecidas porque 2008 foi um ano de muita luta e trabalho.

Transcorreu tudo bem durante a viagem, apenas Bianca ficou muito nervosa por ser a primeira vez que viajava de avião.

Em no aeroporto, em Salvador, aguardamos por tia Zilda, irmã de meu falecido pai, em cuja casa ficaríamos hospedados. Ela demorou a chegar porque o trânsito estava muito conturbado devido aos festejos da "Festa da Lavagem das Escadarias da Igreja do Bonfim". Enquanto minha tia não chegava fizemos um lanche em uma lanchonete ali mesmo. Eu tomei um café expresso e comi um folhado de frango muito gostoso. Bianca tomou um café com creme e Pedro pediu um tipo de milksheik de chocolate e comeu também um folhado de frango. Depois ficamos andando pelas dependências procurando caixa eletrônica do ITAÚ e depois de muita espera, a tia Zilda apareceu.

Estávamos cada um com uma mala de viagem sendo que maior era a minha e fomos ver por quanto um táxi saindo do aeroporto até o bairro Castelo Branco, onde tia Zilda morava, nos custaria. O motorista, após consultar uma tabela nos disse que seriam necessários setenta e dois reais, o que achamos um absurdo e fomos mais adiante ver com aqueles motoristas alternativos o valor da corrida. Ela baixou para cinquenta reais e mesmo assim achamos muito caro. De repente vimos um ônibus que ia para o nosso destino cuja passagem era dois reais e vinte centavos, o mesmo valor da passagem padrão do Rio de Janeiro e foi nele que embarcamos sem mais delongas.

No dia seguinte acordamos cedo e fomos passear na praia de Itapuã, onde passamos a manhã toda e à tarde fomos ao Mercado Modelo onde ficamos maravilhados com tanta coisa bonita e relativamente cara.

Em cada esquina da Cidade Alta e até mesmo da Cidade Baixa, encontrávamos uma baiana vendendo acarajés e outras iguarias. Nos primeiros dias comi tanto acarajé que até enjoei. Lá você encontra frequentemente acarajé pelo preço de um real. Na rua em que minha tia mora, todas as noites duas moças montavam uma barraca onde fritavam na hora e vendiam as iguarias por um real e havia também um bar que vendia uns enormes de "ITU", por dois reais, recheados de vatapá, caruru, salada de legumes e camarões enormes, uma delícia.

Na praia de Itapuã experimentei o caldo de sururu, uma especialidade das praias de lá, feito com um tipo de marisco pequeno e saboroso.

Fomos à Festa da Ribeira mas infelizmente já chegamos no final, na parte da tarde e só tiramos fotos, inclusive do maravilhoso por-do-sol de lá. Depois caminhamos da Ribeira até à Igreja do Bonfim onde assistimos à novena em preparação para a festa de N. Sra. dos Navegantes.

Fomos também em Ondina, visitar meu tio Alberto que se acha muito doente, com enormes feridas em ambas as pernas. Fiquei muito triste de vê-lo tão magro e dependente de sua mulher, que por sinal é minha xará. Ficava lembrando do tempo em que ele ia lá no meu trabalho onde tinha uma namorada, a Glória Regina, filha dos falecidos Cartola e D. Zica da Mangueira. Tio Bertinho (Alberto) fora Diretor de Harmonia daquela agremiação.
Voltamos à casa de tia Avani, num dia à tarde, quando Bianca tirou diversas fotos minha e de Pedro, na praia de Ondina ao entardecer.
Passeamos muito. Fomos novamente ao Mercado Modelo e subimos no Elevador Lacerda para a Cidade Alta, onde fomos tirar fotos na Praça Castro Alves. Neste dia, descemos e fomos encontrar Michele, colega de Bianca que também fora para Salvador, para a casa de seus avós. O Mercado Modelo já estava fechando e demos umas voltas, comprei uma família de elefantes de uma pedra verde mostarda para colocar na minha estante, comprei também, enfeites para geladeiras, com motivos da Bahia e muitas fitinhas de Senhor do Bonfim.
No domingo, como estávamos com as passagens compradas previamente para voltarmos para o Rio de Janeiro, fomos visitar tio Bertinho novamente para nos despedirmos dele, de tia Avani e do restante da parentada. Tínhamos ficado de ir cedo para irmos à praia e almoçarmos lá, porém telefonei para minha prima Jacira, filha de meu tio Florisvaldo(Vadinho) que mora no Rio, na Cidade de Deus, e ela veio com o filho almoçar conosco em casa de minha tia Zilda que ,naquele dia, havia feito um cozido e isso nos atrasou muito. Só conseguimos chegar em Ondina já quase seis horas da noite. Fomos até o Rio Vermelho que fica perto da casa deles e é onde se prepara o presente para Iemanjá, que se coloca no mar, no dia dois de fevereiro, dia de N. Sª dos Navegantes. Foi interessantíssimo assistir aos preparativos. Pudemos participar do ritual em que pessoas do Candomblé entoam cânticos para os orixás o que se constitui na abertura dos festejos. Fotografei o guardião das oferendas para Iemanjá que era um pescador que se sentia na obrigação de fazer aquilo sem ninguém ter-lhe dado aquela tarefa, fotografei a todos nós juntos à estátua de uma enorme sereia que simbolizava Iemanjá e ficamos por lá até às duas horas da manhã. Depois fomos dormir porque tínhamos combinado com meu primo Alexandre de nos levar ao aeroporto às quatro e meia da manhã. Pedro estava tão ansioso que não deitou, ficou no laptop até a hora de sairmos, eu e Bianca tiramos um cochilo até às quatro. Quando o Alexandre chegou às quatro e meia, pontualmente, foi só pegarmos as malas e levarmos para o carro dele. Tia Avani foi com ele nos levar até o aeroporto de Salvador e de lá retornamos sem nenhum problema, graças a Deus.
Eu pretendia ir participar da entrega do presente de Iemanjá, aqui, no Rio, mas pegamos um engarrafamento na Av. Brasil que só consegui chegar em casa ao meio dia e meia e aí nem voltei mais porque o presente já devia ter sido entregue na Praça XV, pois estava marcada a saída do cortejo da Cinelândia às onze horas.